Não há como apresentar adequadamente o que viria a ser o famoso e importante Código Braille, sem apresentar seu criador. Louis Braille, nascido na cidade de Coupvray – um pequeno distrito a 45 quilômetros de distância de Paris – no começo do século XIX, mais precisamente em 4 de janeiro de 1809.

Braille ficou cego logo muito novo, com apenas 3 anos de idade, em acidente ocasionado por uma brincadeira com as ferramentas do ofício de seu pai.  Mesmo com tal limitação, os pais de Louis Braille tomaram a decisão de que seu filho deveria ter uma educação de bom nível e o enviaram a uma escola tradicional. Como não conseguia enxergar, para aprender a escrever, a criança acabava por memorizar todos os conteúdos que lhe eram transmitidos em sala de aula. Como apresentava um ótimo rendimento nos estudos, foi capaz de ingressar em um colégio para deficientes visuais, que era administrado por Valentin Haüy, onde pode continuar a desenvolver seus conhecimentos.

Nessa instituição, para ajudar os cegos a ler, os livros eram confeccionados com uma impressão especial, que deixava as letras em alto relevo, para que os dedos dos alunos tivessem contato com as mesmas. Entretanto, os livros eram pesados demais, e as leituras demoravam um tempo enorme. Exatamente por isso, o próprio dono da escola buscava métodos mais funcionais para ensinar a esse público.

Código Braille

Em uma dessas tentativas de desenvolver melhores métodos, Charles Barbier de La Serre, capitão de artilharia, desenvolveu um método que classificou como “sonografia” ou “escrita noturna”. Segundo sua criação, o havia um código, escrito em pontos, que seria lido com a extremidade dos dedos. Havia, contudo, duas dificuldades: o código era muito difícil de ser decorado e os símbolos não propiciavam que as palavras fossem soletradas com facilidade.

Braille, em paralelo, conheceu Teresa Von Paradise, uma jovem musicista, também cega. Ela desenvolveu um aparelho que favorecia a leitura e também a composição de partituras escritas para piano. Com o auxílio desse invento, Braille aprendeu violoncelo, órgão e acabou sendo aceito, como músico, na Igreja Santa Ana, na cidade de Paris. Seu incrível talento lhe rendeu muitos concertos por toda parte da capital francesa.

Essa fama na música, levou Braille a se aproximar de Alphonse Thibaud, que tinha por profissão, ser conselheiro comercial do Estado francês. Esse membro do conselho perguntou ao jovem, se ele não teria habilidade em desenvolver um método que ajudasse os cegos a ler e escrever. Em um primeiro momento, Braille disse não, mas depois, acabou se sentindo motivado a tentar o desafio.

Foram, então, três anos entre pesquisas e experimentos. Com isso, Louis Braille acabou criando um inovador sistema de escrita e de leitura para pessoas cegas. Assim, no ano de 1829 publicou o código no livro “Processo para escrever as palavras, a música e o canto-chão, por meio de pontos, para uso dos cegos e dispostos para eles”.

O código Braille é, portanto, um sistema único, que combina pontos, separados em células, sendo cada uma com 3 linhas e duas colunas. Mediante a combinação desses símbolos, a pessoa com deficiência na visão estaria apta a ler e escrever qualquer texto. Como uma enorme praticidade, um texto em Braille pode ser escrito com o auxílio de uma régua especial e um estilete, capaz de registrar cada ponto em uma base, que marca as posições de cada ponto. No dia 6 de janeiro de 1852 Braille falece, sem ter a alegria de ver seu trabalho popularizado.