A orientação política da Anarquia tem como objetivo eliminar quaisquer formas de governo que sejam compulsórias. A origem do Anarquismo é indefinida, embora muitos indícios existam que apontem a fontes bastante antigas.

Na modernidade, o Anarquismo se configurou, plenamente, em decorrência dos conceitos Iluministas – sobretudo no conjunto de ideias orientadas por Jean Jacques Rousseau – que tinham, como ponto central, a defesa da liberdade, pelo viés moral.

Diversos outros pensadores se seguiram a esse primeiro momento, desenvolvendo o conceito de Anarquia, com formulações sobre política e economia, culminando na ideia de ausência completa de Estado e, ocorrendo, em decorrência a constituição de diversas sociedades voluntárias específicas.

 O primeiro pensador a se autoproclamar partidário ao anarquismo foi o francês Pierre Joseph Proudhon – segundo especialistas, trata-se do fundador de todo o ideário moderno do anarquismo. Ao longo do século XX, a teoria ganhou uma série de admiradores e cresceu consideravelmente, com ênfase em meio a seguidores da Revolução Russa – ocorrida no ano de 1917 -, e em movimentos civis da Espanha, entre outros.

No Brasil, influências anarquistas chegaram com a imigração de operários europeus – sobretudo italianos -, entre final do século XIX e início do XX. Nesse contexto, as primeiras greves de trabalhadores – da década de 1910 – foram claramente inspiradas pelo ideal anarquista. Após a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, o movimento perde seu caráter de massa, mas ainda é responsável por diversas revoltas de caráter popular, pelo mundo – como, por exemplo, os eventos de Maio de 68, na França; o anti-Poll Tax, na Grã-Bretanha, bem como protestos ocorridos em cidades-sede das reuniões da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Contrariando o senso comum, a anarquia não tem qualquer relação com ausência total de ordem, mas sim, por outro lado, com ausência de qualquer coerção. Anarquistas, essencialmente, costumam se opor a qualquer ordem de hierarquia sem aceitação livre. A ligação entre Anarquismo e desordem foi cuidadosamente plantada, no decorrer dos tempos, pelas forças políticas e religiosas de oposição a esses grupos.

Anarquismo

Além disso, critica-se também o Anarquismo, como sendo um movimento sem qualquer afeto ou cooperação, quando, na realidade, um de seus preceitos mais fundamentais é justamente o estímulo à solidariedade entre as pessoas.  Há, inclusive, outros princípios sobre a Anarquia que devem ser destacados, como:

  • a liberdade individual, para cada um desenvolver suas potencialidades;
  • a ausência de doutrinações;
  • a quebra das estruturas rígidas do Estado;
  • base humanista, que apregoa que homens são livres, não precisam de um Estado que imponha uma organização sob hierarquia. Essa característica pode se confundir com antiautoritarismo;
  • rejeição de mediação de problemas sociais por parte de políticos;
  • revoltas populares vistas com bons olhos, pois são reveladoras do substrato humano por trás do tecido social, o que é fundamental para qualquer desenvolvimento.

Ao haver a implantação plena desses princípios, o próximo passo é a educação, de alto nível, para que a coexistência harmônica possa existir. Suas estruturas sociais são flexíveis e naturalizadas. A organização política se daria por meio de uma espécie de federalismo libertário, ou seja, subdivisão social a grupos que interajam, para obter harmonia. Além disso, há responsabilidades para cada pessoa e para todo o grupo.