Taciano
Por Redação
Patrístico grego do período pré-nissênico nascido em Adiabena, Mesopotâmia, de família pagã, que depois se tornou gnóstico. Educado aprimoradamente na cultura grega, pesquisador inquieto, estudou várias religiões e se iniciou nos mistérios. Mais tarde (152), conheceu as Escrituras cristãs e se converteu ao cristianismo, provavelmente após chegar à Roma sob Aniceto (155-165). Foi em Roma que encontrou Justino o Mártir, freqüentou sua escola e se destacou como discípulo brilhante. Após o martírio de seu mestre (165), começou a se afastar da Igreja, inclinando-se para a heresia encratita, ou continente, condenando especificamente o casamento.
Sua pregação, para alguns autores não foi uma heresia no sentido doutrinal do termo, acentuava o pessimismo quanto à queda do homem, desprezava a matéria, tinha o matrimônio como fornicação e pregava a abstinência da carne e do vinho. Seu rigorismo na observância desta abstinência levou-o a substituir vinho pela água na celebração da eucaristia. Esse costume levou-o e a seus seguidores a receberem o apelido de aquáticos. Sentindo-se mais próximo do radicalismo oriental, retornou a sua terra natal (170), onde passou a difundir suas concepções encráticas da Antioquia até a Pisídia, onde provavelmente morreu. Segundo testemunhas da antiguidade, teria escrito várias obras, mas de todos os seus escritos somente dois foram conservados: Discurso contra os gregos (160), em Roma, e Diatéssaron (172), no Oriente.
Esta última assegurou-lhe grande renome, sobretudo no Oriente, até o século V. Tratava-se da fusão dos quatro evangelhos para formar um único evangelho, o tò dià tessarón euangélion, e embora a obra tivesse traços das tendências heréticas de seu autor, ou seja, encratista anti-judaica, nunca foi condenada pela Igreja. Embora Ireneu, o Santo, apresente-o como iniciador do encratismo, deve-se observar que este movimento apareceu em toda a esfera da missão judeu-cristã. Foi notável no Egito de Valentim e Oriente Próximo de Marcião e, pela correspondência de Dionísio de Corinto e de Pínito de Gnossa, também existiu em Creta. É preciso, sem dúvida, ver neste encratismo uma continuação da influência judia.