2O estado Pará pode até não estar diariamente no cenário midiático. Aliás, a região Norte não é tão explorada quanto deveria. Por quê? Não sabemos ao certo, mas quem perde são todos aqueles que acabam não tendo a oportunidade de conhecer as histórias de uma das regiões mais ricas do país. E não é apenas pela reserva biológica que a região possui. Trata-se das riquezas culturais, dos valores e costumes dos nortistas.

Se olharmos para a História, temos um elemento importante para o estado do Pará no cunho político do Brasil. Vamos falar hoje sobre a famosa Cabanagem ou Revolta dos Cabanos do Pará. Todo o processo aconteceu no período do Brasil Regencial. Assim como a Revolta dos Malês, a Farroupilha, a Balaiada ou mesmo a Sabinada na Bahia, tais levantes foram importantes para a consolidação do que hoje temos em termos de democracia.

Dom Pedro I abdica do trono

Os anos de 1832 e 1840 foram palco desse levante nortista. O principal motivo da revolta foi a abdicação do trono por parte de Dom Pedro I. Com a saída dele do Brasil, diversas províncias começaram a se rebelar contra o que era decidido na capital do país. Com a saída de Dom Pedro I, os tutores da regência de Dom Pedro II passaram a ser arbitrários nas ações junto às províncias.

A província do Pará, tão distante do Rio de Janeiro e de todo o país, não quis passar por toda essa pressão dos tutores. O historiador Boris Fausto, na obra História do Brasil, destaca um pouco desse momento:

“A cabanagem explodiu no Pará, região frouxamente ligada ao Rio de janeiro. A estrutura social não tinha aí a estabilidade de outras províncias, nem havia uma classe de proprietários rurais bem estabelecida. Em um mundo de índios, mestiços, trabalhadores escravos ou dependentes e uma minoria branca, formada por comerciantes portugueses e uns poucos ingleses e franceses.”

De onde veio o termo cabano?

1As pessoas envolvidas na Cabanagem moravam em regiões ribeirinhas e daí o termo cabano. O seringueiro cearense Eduardo Angelim, que migrou da seca do Nordeste e passou a morar no Pará foi um dos principais líderes da revolta. Em 1835 os cabanos intensificaram as batalhas até o ano de 1840 e todo o processo envolveu ações administrativas e mudanças sociais. Como novamente explica o pesquisador Boris Fausto:

“Os cabanos não chegaram a oferecer uma organização alternativa ao Pará, concentrando-se no ataque aos estrangeiros, aos maçons, e na defesa da religião católica, dos Brasileiros, de dom Pedro, do Pará e da liberdade. É curiosos observar que, embora entre os cabanos existissem muitos escravos, a escravidão não foi abolida. Uma insurreição de escravos foi mesmo reprimida por Angelim. Como se vê, aparecem na Cabanagem paraense alguns traços já encontrados na Guerra dos Cabanos de Pernambuco, embora entre os dois movimentos tenha havido apenas uma relação de nome.”

A Cabanagem teve um saldo de 30 mil mortos e boa parte da cidade de Belém ficou destruída por conta dos embates.