No Brasil, ainda não há uma tradição no sentido de se realizar agricultura de montanha, como ocorre em vários pontos do globo, como na Europa, na Ásia, ou até mesmo na América Andina.

Situações gravíssimas, como as ocorridas no mês de janeiro de 2011, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro chamam a atenção para a questão das encostas e como devem ser tratadas com especial cuidado, sobretudo no que se refere ao plantio nesses locais. Entretanto, mesmo sendo essa uma questão da mais absoluta urgência, não há, no país, grupos que façam pesquisa interdisciplinar, contemplando os ambientes de montanha.

Dificuldades da plantação em montanhas

É muito importante que sejam gerados conhecimentos, para a consequente criação de tecnologia específica para o desenvolvimento sustentável desses pontos, tão sensíveis.  Além disso, muita conciliação é necessária, haja vista que encostas se enquadram legalmente como Áreas de Proteção Permanente – APP – sendo definidas como áreas não-próprias para agricultura. Isso se justifica devido ao fato de que qualquer modificação do clima, já exerce pressão sobre esse solo.

Afinal, montanhas são ecossistemas muito frágeis e que sofrem com mudanças bruscas de clima e temperatura por conta das características de seu solo – pouco profundo – e do relevo irregular. Além disso, se forem desmatadas grandes áreas para agricultura, a terra perde resistência e pode deslizar, causando grandes desastres, como o exemplo que abre este texto.

Agricultura de Montanha

Montanhas são 16,91 % do relevo do território nacional e, a partir do ano de 2002, é considerado Ponto Focal no contexto da Convenção da Biodiversidade Biológica, que conta com a assinatura do Brasil.

Para que esses solos se tornem utilizáveis de forma sustentável, será necessário que se tomem atitudes como: a preservação de nascentes e um grande cuidado no momento de revolver a terra para colocar sementes para plantio. Tudo isso pode até aumentar a sobrevivência, com qualidade, de populações que vivem nas montanhas, já que não contam com um ecossistema pujante e variado.

Outra dificuldade para esse processo de cultivo em montanhas é que não há uma indicação específica de plantio adequado para esse tipo de terreno, por conta de suas características bem particulares, que impõem severos limites a qualquer cultura da terra naquele espaço. Ter consciência clara de tais restrições é, portanto, essencial, para que se possa lidar com a capacidade total desse solo, evitando a possibilidade de erosão e o terreno, que além de irregular, é em declive.

Especialistas, portanto, apontam que a maneira de se manejar a agricultura em montanhas é fundamental, com cultivos permanentes, que cobrirão o solo, sem que se precise revolver muito a terra, o que evita deslizamentos e desastres em geral.

Tal cobertura de solo pode ser feita por meio de plantas mais específicas, ou “adubo verde”. No procedimento recomendado há o cultivo, seja na palhada, seja na vegetação morta, levando o nome de “plantio direto”. Com esse tipo de atitude, o agricultor pode beneficiar a si mesmo e a sua comunidade, por causa do uso consciente e sustentável do meio ambiente. Assim, toda a riqueza de fertilidade do solo é desfrutada, ao mesmo tempo em que é imposto apenas um pequeno desgaste ao solo, deixando-o resistente e produtivo.