A Unesco divulgou essa semana um documento que mede o impacto do fenômeno da imigração na educação. O documento, chamado Relatório de Monitoramento Global da Educação 2019, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), revelam alguns dados interessantes.

Qualificação de imigrantes do Brasil é melhor que a dos brasileiros

O estudo mostra que o abandono escolar acabou se tornando maior entre os imigrantes do que entre os nativos. Além disso, o preconceito ainda acaba se tornando uma barreira na inclusão dos estrangeiros. No Brasil, o percentual de imigrantes com ensino superior é 26,9% maior do que dos nativos e, mesmo assim, ele é percebido como menos preparado para o mercado de trabalho local.

— Existe uma visão de que os imigrantes que fogem de perseguições e desastres possuem um nível inferior de educação. Isso não é verdade. Se você investiga a formação dos haitianos que vieram para o Brasil, muitos tinham ensino superior. Entre os venezuelanos, a mesma coisa. Migrar para longas distâncias é uma decisão muito difícil, geralmente quem a toma tem uma escolaridade maior — diz Rebeca Otero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil.

Qualificação de imigrantes do Brasil é melhor que a dos brasileiros

O relatório da Unesco também acaba identificando um outro desafio educacional para o Brasil de uma forma geral. Na maior parte do mundo, os estudantes de de área rural que migram para cidades acabam tendo uma educação mais regular, ou seja, sem interrupções, abandono e na idade certa.

Mas aqui no Brasil a Unesco identificou diferenças neste tipo de situação. No Nordeste, por exemplo, 25% dos que migraram durante o ensino básico passaram a se tornar alunos irregulares. Mas entre aqueles que ficaram em seus municípios, o percentual cai para 11%.