Uma análise detalhada sobre os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio do ano de 2017 revela que os estudantes carentes possuem extrema dificuldade para ficar entre os melhores na prova. As chances, de acordo com os dados, são de 0,16%.

Pesquisa revela que estudantes carentes possuem menos de 1% de chance de ficarem entre os melhores do ENEM

Uma pesquisa feita mostra que apenas um grupo de 293 estudantes conseguiram ter uma nota no ENEM equivalente à média atingida pelas escolas consideradas de elite do país, mesmo estudando de forma extremamente desfavorável. Fatores socioeconômicos acabam pesando muito em relação ao desempenho na prova, cerca de 85% de acordo com o estudo feito pelo cientista de dados e mestre em Economia do Setor Público pela Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Sales.

De acordo com as informações que foram divulgadas sobre a pesquisa, Sales cruzou dados de 1,3 milhão de candidatos cujas notas estavam disponíveis, de um universo de cerca de 4,6 milhões de inscritos.

Dentre os fatores que foram listados para definir condições precárias de ensino estavam: cursar o ensino médio em colégio municipal ou estadual, não ter carro, computador, acesso à internet nem telefone fixo, ter frequentado escola com pouca infraestrutura (como baixo número de funcionários ou poucos equipamentos multimídia) e renda familiar inferior a R$ 312 por pessoa (equivalente a um terço do salário mínimo naquele ano).

Pesquisa revela que estudantes carentes possuem menos de 1% de chance de ficarem entre os melhores do ENEM

Para cada uma das condições, era somado um ponto ao nome do candidato. No total da pesquisa, 179,6 mil estudantes acabaram marcando 10 pontos, sendo encaixados em todos os quesitos. Destes, apenas 293 tiveram pontuação suficiente para entrar no grupo dos alunos mais favorecidos – o extremo oposto, sem preencher nenhum dos dez requisitos de vulnerabilidade socioeconômica. Significa que o aluno pobre tem apenas uma chance em 600 (0,16%) de ficar entre as 5% melhores notas. E, desse total de estudantes no topo, só 0,4% são desse estrato mais pobre.

Quase metade dos estudantes que conseguiram essa nota são do Ceará, estado que acabou se tornando referencia no ensino púbico.