Dados obtidos através da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), que acaba de ser divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revelam alguns detalhes sobre a rotina e o funcionamento das escolas brasileiras.

Estudo indica que escolas brasileiras tem mais bullying do que a média internacional

Alguns pontos de destaque das conclusões revelam que os professores brasileiros são aqueles que mais sofrem com intimidações que acontecem dentro de sala de aula. Além disso, as escolas brasileiras acabam perdendo muito tempo com tarefas não relacionadas ao aprendizado e acabam se tornando um ambiente mais propício ao bullying.

A pesquisa foi feita internacionalmente, contando com entrevistas concedidas por 250 mil professores e líderes escolares de 48 países e regiões. Segundo o levantamento, apenas 78% do tempo dentro de sala de aula acaba sendo utilizado, de fato, com processos de aprendizagem.

A perda de alguns minutos por dia, somados, acaba totalizando a perda de vários dias no ano escolar, por isso o tempo gasto no aprendizado é tão importante”, diz à BBC News Brasil Karine Tremblay, principal autora do estudo. “Um exemplo concreto: uma perda de apenas 5% no tempo gasto ensinando corresponde a 12 dias e meio no ano.”

Estudo indica que escolas brasileiras tem mais bullying do que a média internacional

Outro dado revela que 28% dos diretores de escola entrevistados afirmam ter testemunhado situações de intimidação ou bullying entre alunos. Este dado acaba colocando o Brasil com o dobro da média de pontuação neste aspecto. Já contra os educadores, 10% das escolas brasileiras pesquisadas registram episódios de intimidação ou abuso verbal contra educadores semanalmente.

É claramente uma questão preocupante e alta para os padrões da OCDE”, afirma Tremblay. “O Brasil não está sozinho — países como a França e regiões como a comunidade flamenga da Bélgica, também parte da pesquisa têm índices elevados (de bullying e intimidação) —, mas o Brasil está entre os de índices mais altos do mundo, que têm se mantido estável nos últimos cinco anos.”