O processo de independência do Brasil começa a se configurar bem antes ao famoso “grito do Ipiranga”.  Já no momento da vinda da família Real portuguesa ao país são plantadas as sementes para o que viria a ser a autonomia do Brasil. Como havia um pacto em curso, entre Dom João e a coroa britânica, para proteger Portugal do ataque Francês- à época, sob governo de Napoleão – ao pisar em território brasileiro, tendo sido escoltado por uma esquadra inglesa, o rei luso abre os portos a todas as nações do mundo, como havia sido solicitado pelos britânicos.  Esse já pode ser visto como um “grito de independência” em termos econômicos, uma vez que, antes, o comércio brasileiro poderia ser estabelecido apenas com Portugal.

Em seguida, vieram as obras para o embelezamento da cidade do Rio de Janeiro, que tirava o local do posto de um mero ambiente de exploração comercial, ou um grande porto para escoamento de metais preciosos. Inclusive, o Brasil foi logo elevado ao patamar de Reino Unido de Portugal e Algarves. Com isso, os brasileiros se sentiam prestigiados, ao passo que o povo português era governado por um Lord protetor das forças da Inglaterra.

Em 1815, as elites de Portugal começam a manifestar um movimento que proporcionaria mudanças, como reflexo do abandono do rei. No ano de 1820, ocorre uma Revolução Constitucionalista em Portugal, a Revolução Liberal do Porto, que visava restaurar a soberania político-administrativa portuguesa, limitando o poder real, ao mesmo tempo em que o Brasil seria recolocado na posição de colônia. Daí resultou a criação das Cortes, onde seriam reunidos membros destacados entre a elite econômica lusitana. Começaram, então a convocar, de imediato, o retorno do rei ao país, a fim de dar legitimidade às transformações em andamento. Com medo de perder seu posto real, D. João VI retorna, levando o dinheiro dos cofres públicos do Brasil e deixando aqui, na administração colonial, D. Pedro, seu filho.

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O Jovem regente tomou medidas drásticas, equiparando as autoridades portuguesas e brasileiras em nível de importância, além de baixar impostos, entre outras medidas que começaram a delinear uma maior autonomia do Brasil.

No ano de 1821, as pressões das Cortes de Portugal ficaram insustentáveis, enquanto defensores da independência realizando abaixo-assinados, com pedido para que Dom Pedro permanecesse no Brasil. Assim, a demonstração desse apoio, por parte de brasileiros, foi devolvida sob forma de um gesto que mudou, permanentemente, o panorama político do Brasil. Em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro afirma sua permanência, no clássico “Dia do Fico”, marcando também uma irreparável ruptura com sua pátria portuguesa.

A atitude seguinte de Dom Pedro foi a incorporação de diversas personalidades interessadas no processo de independência a cargos do governo do país, como José Bonifácio – seu grande conselheiro para assuntos políticos – entre outros. Além disso, o representante português ainda decretou que nenhuma determinação da coroa teria valor no Brasil, sem que passasse por sua autorização.

Esse foi o tiro de misericórdia na relação entre Brasil e Portugal. Assim, no mês de setembro de 1822, Portugal envia um documento, o qual exigia o retorno imediato de Dom Pedro, ou, do contrário, o Brasil sofreria uma invasão militar. Dom Pedro resiste e declara a independência do país, em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, pois estava em viagem no momento.