Há algum tempo, foi divulgada a seguinte manchete, nos principais jornais do mundo: “Cientistas podem ter encontrado a partícula de Deus.” Isso levou um dos grandes experimentos científicos de nosso tempo a recuperar seu prestígio.

Mesmo que tenha sido lançado com pompa e circunstância no ano de 2008, o acelerador de partículas, chamado de LHC, teve problemas de operação logo no início. Era um equipamento de mais de US$ 10 bilhões que estava, pasmem, com um problema de soldagem. Isso levou a um hiato nas pesquisas, de mais de um ano.

Passado esse fracasso inicial, o experimento começa a justificar a fortuna investida em sua construção. Assim, há uma grande possibilidade de ser descoberto e estudado o bóson de Higgs, que foi popularmente divulgado como “partícula de Deus”, uma verdadeira estrela da ciência na atualidade. E isso não ocorre à toa, pois vem sendo perseguida há mais de 4 décadas por cientistas das mais variadas nacionalidades.

Entretanto, sua “popularização” ocorre quando o estudioso Leon Lederman decide publicar uma obra sobre esse assunto. Obviamente, Lederman, como um homem de ciência, não visava santificar tal partícula, que havia sido “idealizada” por Peter Higgs, no ano de 1966. Curiosamente, o título do livro foi o extremo oposto de tal divulgação, que veio posteriormente, chamando-se “A Partícula Maldita”. Por uma questão editorial, então, os responsáveis pela publicação desse livro, resolveram “comercializar” a ideia, tornando-a “mais atraente” e, daí, veio “A Partícula de Deus”. Os editores estavam com total razão e esse é o nome pelo qual ficou sendo conhecida.

Essa ideia de associar tal tema científico a Deus vem da seguinte premissa: antes de haver o universo, toda a matéria era semelhante. Isso porque a grandeza física da massa ainda não havia sido tornada concreta e as “coisas” não tinham peso. Assim, toda a matéria que forma tudo, do nosso corpo à natureza como um todo, é estruturada por partículas subatômicas que se movimentam à velocidade da luz.

Origem dos Bósons de Higgs, ou Partículas de Deus

Boson de Higgs

Então, o “milagre” acontece. Os bósons de Higgs eram partículas que estavam espalhadas por todas as partes do cosmos. Em um dado momento, houve a união entre todas e, como uma espécie de condensação – como a que ocorre quando o vapor d’água se transforma em líquido – se tornam um oceano absolutamente invisível, ou seja, o “Oceano de Higgs”.

Muito embora muitas outras partículas não tenham sido afetadas por essa transformação, com o exemplo dos fótons; outras, como quarks – constitutivas de organismos humanos – foram, também, intensamente transformadas. É como se o Oceano de Higgs fosse uma espécie de ‘óleo denso’. Então, para que quarks atravessassem tal óleo, deviam fazer muita força, o que acaba gerando o que chamamos hoje de ‘massa’. Portanto, sem os ‘bósons de Higgs’ não há matéria, de nenhuma ordem – por não existir massa, fisiamente.

Daí se justifica toda a celeuma em torno da possibilidade de comprovação dessa importante partícula. Os cientistas são capazes de empreender esse tipo de investigação através do uso de um acelerador de partículas, no qual átomos serão inseridos, acelerados e colisões frontais serão induzidas entre eles. Isso gera explosão equivalente à do Big Bang e, potencialmente, libera Bósons de Higgs. Os cientistas então analisam esse produto da aceleração e colisões.

Apesar de “A partícula de Deus” parecer apenas um experimento caríssimo e teórico, é sempre bom lembrar que coisas complexas na ciência tendem a resultar em grandes ferramentas para auxiliar o homem, até mesmo em seu dia a dia. Por isso, é importante chegar a resultados mais conclusivos, desse tipo de estudo.