9. Recusos expressivos na descrição

Para a descrição de um ser ou de um objeto vazada em linguagem subjetiva se faz necessário o uso de alguns recursos expresivos: as figuras de linguagem. As mais usadas em descrições são: metáfora, comparação, prosopopéia, onomatopéia e a sinestesia. (Nos capítulos anteriores já estudamos todas essas figuras.) 

Veja alguns exemplos: 

Metáfora: 

Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco como um murro: era a força tranquila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido, mas ambos corajosos.
(Aluísio Azevedo) 

Comparação 

O espelho das águas, liso e polido como um cristal, refletia a claridade das estrelas…
(José de Alencar) 

Prosopopéia 

E até onde a vista alcança, num semicírculo imenso, há montes de água estrondando nesse cantochão, árvores tremendo, ilhas dependuradas, insanas, se toucando de arco-íris… 
(Rubem Braga) 

Onomatopéia 

Até o ar é próprio; não vibram nele fonfons de outo, nem cornetas de bicicletas, nem campainhas de carroça, nem pregões de italianos, nem tenténs de sorveteiros, nem plás-plás de mascotes sírios. Só os velhos sons coloniais – o sino, o chilreio das andorinhas na torre da igreja, o rechino dos carros de boi, o cincerro de tropas raras, o taralhar das boitacas que em bando rumoroso cruzam e recruzam o céu. 
(Monteiro Lobato) 

Sinestesia 

Olívia era atraente, tinha uns olhos quentes, uma boca vermelha de lábios cheios.
(Clarice Lispector)