Rei francês nascido em Cognac, histórico pela série de conflitos com o imperador Carlos V. Filho de Carlos de Valois-Orléans, conde de Angoulême, e de Maria Luísa de Savóia, casou-se com Cláudia (1514) e assumiu o trono da França (1515) após a morte do primo e sogro Luís XII. No início de seu reinado, partiu para reconquistar o ducado de Milão e derrotou os mercenários suíços do duque Maximiliano Sforza e seu aliado, o papa Leão X, na batalha de Marignano, e com o papa quem assinou o Acordo de Bolonha (1516). Também assinou o Tratado de Friburgo, com a Suíça, que deu à França prioridade para o recrutamento de tropas helvéticas, o Tratado de Noyon, com o rei da Espanha, e comprou Tournai a Henrique VIII da Inglaterra. Com a morte do imperador Maximiliano (1519), tornou-se o mais poderoso soberano de toda a cristandade. 

Com a coroação de Carlos, neto de Maximiliano, começaram as desavenças entre os monarcas. O francês exigiu (1523) a devolução das províncias do grã-duque feudal Carlos de Bourbon, mas este, aliado ao imperador Carlos V, o derrotou na batalha de Pávia (1525), e o fez prisioneiro. Prisioneiro foi obrigado a assinar o humilhante Tratado de Madri (1526), pelo qual renunciava aos territórios de Nápoles, Milão e Gênova, abdicava da Borgonha e prometia casar-se com Leonor, irmã do imperador e viúva do rei de Portugal, já que sua esposa Cláudia havia falecido. O casamento selaria a reconciliação entre os dois governantes. Além disso, teve de entregar os dois filhos, de oito e sete anos, como reféns. Ao retornar à França, o rei negou-se a cumprir o pacto, o que levou Carlos V a manter seus filhos prisioneiros durante quatro anos.

Para que eles pudessem recuperar a liberdade, assinou o Tratado de Cambrai (1529), pelo qual renunciou definitivamente a suas pretensões territoriais sobre a Itália. Na política interna, promoveu a liberdade religiosa, reformou o sistema judicial e decretou o uso obrigatório do idioma francês em todos os documentos legais. Promoveu também a concentração do poder, eliminando os privilégios da nobreza, que ficou relegada a um papel mais de cortesã do que de governo. Grande incentivador da cultura, protegeu artistas como Leonardo da Vinci, Benvenuto Cellini e Primaticcio, que contribuíram com suas obras para o esplendor da corte francesa.

Fundou o Collège de France (1530), uma instituição muito especial criada para contrabalançar a influência do Sorbonne que era, naquele momento, muito escolástica, mas onde só eram ensinadas latim e teologia. A nova instituição tinha 3 professores de hebreu, 2 de grego e 1 de Matemática e, reputada em sua flexibilidade, sobreviveu a todas as revoluções e guerras, até os dias de hoje. Morreu em Rambouillet.