Funcionário público inglês nascido em Londres, que ficou citado na história dos costumes britânicos pela criação do famoso Diário de Samuel Pepys, um dos documentos mais singulares da literatura inglesa, escrito em sistema taquigráfico e só decifrado quase dois séculos mais tarde. Filho de um modesto alfaiate, estudou como bolsista no Magdalene College, em Cambridge. Casou-se com a filha de um huguenote refugiado (1655) e conseguiu emprego de escrivão da Marinha (1660), ano em que iniciou seu diário.

Tendo conquistado a confiança do rei Carlos II, foi nomeado secretário do almirantado, principal posto administrativo da Marinha (1673). Acusado de papismo, foi encarcerado na torre de Londres, mas conseguiu provar sua inocência e foi reintegrado no cargo por Carlos II. Durante o reinado de Jaime II, foi encarregado de controlar as despesas do estado. Como membro do Parlamento, pôs em prática programas que restauraram o poderio da Marinha inglesa.

No seu famoso diário, escrito durante nove anos, não se limitou a relatar fatos, mas mostrou um grande painel da vida inglesa do seu tempo, principalmente da alta burguesia, e faleceu em Londres. Muito sincero, não hesitou em expor suas infidelidades matrimoniais, pequenas fraquezas e vaidades, em meio a passagens pitorescas, cômicas, emocionantes ou francamente obscenas, desde o incêndio de Londres a pequenos incidentes da vida cotidiana, dos salões e camarotes de teatro aos cafés populares e bordéis do porto. Depois de várias edições com trechos expurgados a bem da decência, a obra teve sua primeira versão integral editada (1970).