Professor de história e famoso literato mineiro nascido em Paracatu, que teve papel de pioneiro nas tendências regionalistas na literatura brasileira, pela orientação que prevaleceu em seus contos, decorrentes de vivências em contato com o meio. Formado em direito (1889) em São Paulo, fixou-se depois em Ouro Preto, onde lecionou história do Brasil no Liceu Mineiro e fundou a Faculdade de Direito de Minas Gerais. Monarquista, em 1897, na época da guerra de Canudos, assumiu a direção do jornal Comércio de São Paulo, no qual fez a campanha pela restauração da monarquia.
Membro da Academia Brasileira de Letras (1901), morou no fim da vida em Paris, mas sem desligar-se das raízes interioranas brasileiras, morrendo inclusive a bordo, durante uma viagem de visita a sua terra. Tio do outro famoso Afonso Arinos, suas mais importantes publicações foram: Pelo sertão (1898), Os jagunços (1898) e a coletânea de artigos Notas do dia (1900). Postumamente ainda foram publicadas: O contratador de diamantes (1917), A unidade da pátria (1917), Lendas e tradições brasileiras (1917), O mestre de campo (1918) e os contos Histórias e paisagens (1921). 

Afonso Arinos de Melo Franco
Jurista, professor, ensaísta, historiador e político brasileiro nascido em Belo Horizonte, MG, conhecido como inimigo dos preconceitos e autor de uma lei contra a discriminação racial. Era neto de Cesário Alvim, figura destacada no império e na primeira república, e também sobrinho de Afonso Arinos, autor de Pelo sertão, e irmão de Virgílio Alvim de Melo Franco, expoente da juventude revolucionária (1930) e da redemocratização (1945). Iniciou os estudos em Belo Horizonte, mudando-se posteriormente para o Rio de Janeiro (1914) Matriculado no Colégio Pedro II, começou a revelar o gosto pela literatura e foi colaborador da revista estudantil Primavera.

Formou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1927) e exerceu logo depois o cargo de promotor público na capital mineira. De volta ao Rio de Janeiro, publicou seus primeiros livros. Tornou-se professor da Universidade do Distrito Federal (1936), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no Instituto Rio Branco e na Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Suplente de deputado assumiu o mandato (1947) tornando-se conhecido por elaborar a lei (1951) que leva seu nome, para proibir a discriminação racial, aprovada em 3 de julho. Seguiram-se mais três mandatos consecutivos e tornou-se opositor ferrenho do governo (1943).

Quando Getúlio Vargas foi eleito presidente continuou na oposição chegando a sugerir (1954), no célebre discurso pronunciado em 9 de agosto, que o presidente renunciasse, porém o suicídio de Vargas, cometido 15 dias depois, chocou-o profundamente. Opositor do presidente Juscelino Kubitschek. elegeu-se senador pelo então Distrito Federal (1958), presidiu a Comissão de Relações Exteriores e, mais tarde, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Neste mesmo ano passou a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Foi senador até dois anos após o golpe militar o qual apoiou, esteve afastado duas vezes do cargo para assumir o Ministério das Relações Exteriores, no governo Jânio Quadros e durante o regime parlamentarista. Foi redator da declaração de direitos humanos (1967) e um dos organizadores da Aliança Renovadora Nacional, a ARENA. Ao constatar o desvio do regime rumo à ditadura, rompeu com os golpistas para só retornar à cena política vinte anos depois. Nas duas décadas em que permaneceu afastado do Congresso (1967-1987), recusou-se a participar de qualquer eleição sob o regime militar e dedicou-se às letras.

Com a redemocratização, a convite de José Sarney, assumiu a presidência (1985) da Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, hoje Comissão Afonso Arinos, que preparou o anteprojeto da futura Constituição (1988). Aos 81 anos, elegeu-se novamente senador (1986) pelo recém-fundado Partido da Frente Liberal, o PFL. Além dos trabalhos parlamentares, discursos e conferências, foi autor de vários livros de história, direito, política, memórias e críticas e morreu no Rio de Janeiro, RJ.

Escreveu cerca de sessenta títulos, entre eles Introdução à realidade brasileira (1933), Preparação ao nacionalismo (1934), Conceito de civilização brasileira (1936), O índio brasileiro e a revolução francesa: as origens brasileiras da teoria da bondade natural (1937),Um estadista da república (1955) e Rodrigues Alves, apogeu e declínio do presidencialismo (1973), além de títulos sobre direito constitucional e volumes de memórias.