3. Principais problemas da agricultura 

Subaproveitamento do espaço agrícola 

O Brasil é um país que possui um subaproveitamento de seu espaço rural. 

Com uma área de 8.511.965km² que o país possui, cerca de 400.000km² são utilizados com lavouras, e 1.600.000km² com pastagens. 

Veja que grande parte do território brasileiro é prevalecida por atividades agropecuárias, por este motivo, o país apresenta um subaproveitamento de suas terras. 


Fonte: IBGE – Anuário Estatístico do Brasil 1992


Fonte: IBGE – Anuário Estatístico do Brasil 1992


Fonte: Incra (publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, de 11/10/1995)


Fonte: Incra: (Evolução da Estrutura Fundiária) 


Fonte: Projeto FAO/Incra/036 (relatório preliminar do professor José Eli da Veiga/USP) em 1992, baseado em dados do IBGE

Como você pode perceber na tabela acima, o Brasil possui 7 milhões de estabelecimentos, deste total, somente 500 mil oferecem trabalho com remuneração, além disso, estes proprietários predominam 75% do total de terras. 

Já os estabelecimentos classificados como de subsistência, representam 4 milhões do total, e as famílias que os administram produzem para o seu próprio sustento, vendendo só uma pequena parte de suas produções. Estes predominam somente 3% das terras rurais, e são denominados como minifúndios

Estrutura Fundiária

É a maneira como são organizados os estabelecimentos agrários de uma determinada região, em relação ao número, tamanho e distribuição social. 

Desde o período colonial, e até nos dias de hoje, grande parte das terras brasileiras são predominadas pelas grandes propriedades, que são administradas por um pequeno grupo de pessoas, chamados de latifundiários

Os latifúndios possuem grandes áreas rurais, porém este espaço é subaproveitado, havendo um grande desperdício deste recurso. 

Vejam na tabela acima que, as menores propriedades apresentam um grande número de proprietários, porém sua ocupação na área rural muito pequena, apenas 2,6%. Já as maiores propriedades, possuem poucos proprietários, porém representam quase a metade da área rural, 44,1%. 

Minifúndio e Latifúndio

Dimensões das propriedades em ha

Categoria

De 0 a 10

Minifúndio

De 10 a 100

Pequena

De 100 a 500

Média

De 500 a 1.000

Grande

Acima de 1.000

Latifúndio

Quando se fala em latifúndio e minifúndio, entendemos que se trata de dois termos diferentes, que são definidos, em cada região, por meio do chamado módulo rural, que foi instituído pelo Estatuto da Terra (lei nº. 4 504 de 30-11-64) para classificar as propriedades agrárias relacionando com suas dimensões, condições de aproveitamento da terra e situação geográfica.

Módulo rural: é uma área aproveitável disponibilizada para atender as necessidades de uma família formada por quatro membros adultos. O módulo rural pode variar de acordo com a região e com a as condições de exploração da área, e também com aspectos socioeconômicos. 

Minifúndio: é a propriedade que se classifica por possuir uma área inferior à do módulo rural, que é estabelecida em relação à região e seus modos de exploração. Produzem pouco, e realizam pequenas vendas em sua própria região. 

Latifúndio: por dimensão, é a propriedade que se classifica por possuir uma área superior à do modo rural, que é estabelecida em relação à região e seus modos de exploração. 

O latifúndio por exploração é a propriedade que apesar de ter uma área explorável se mantém em desuso, sem produções, pelo motivo de ser explorado incorretamente, ou por carência de exploração, sendo assim não pode ser classificado com empresa rural. 

No Brasil, tem crescido bastante o número de minifúndios, pelo fato das pequenas e médias propriedades terem passado por uma divisão. Desde o ano de 1960 o número de estabelecimento só vem aumentando, neste mesmo ano havia 3.337.000, e no ano de 1985 chegou a 5.801.809, o número de estabelecimentos arrolados. Além dos minifundiários, os latifundiários também cresceram no número de terras, em 1960 possuíam 71 milhões de hectares, e no ano de 1975 o número subiu para 91 milhões. 


Fonte: IBGE – Anuário Estatístico do Brasil – 1992

Distribuição das Propriedades Agrícolas 

Em cada uma das regiões os estabelecimentos rurais são distribuídos diferentemente. 

Região Norte 

É a região que possui o menor índice de área preenchida por estabelecimentos rurais brasileiros, apesar de dominar cerca de 1.000 ha. de propriedades. 

A extração vegetal é a principal atividade econômica da região, pois esta apresenta uma vantagem em relação à utilização do solo, mantendo elevado o grande número de matas, sendo que é o maior de todo o território brasileiro.

Veja como estão distribuídas as grandes e pequenas propriedades do Norte: 

1. Médias e Pequenas Propriedades 

PA – Zona Bragantina – pimenta do reino – , malva, juta, cacau e fumo;
AM – Vale médio do Rio Amazonas – juta;
PA – AM e AC – ao longo da Transamazônica – agrovilas – culturas diversificadas. 

2. Grandes Propriedades 

SO do AM e AC – extrativismo – borracha;
SE do PA – extrativismo – castanha do Pará;
Ilha de Marajó e AP – pecuária;
em toda a região – matas incultas

Região Nordeste 

Esta região é caracterizada pelo alto número de estabelecimentos agrícolas e de trabalhadores que se ocupam com as atividades agropecuárias. Controlam cerca de 2.000 ha. de propriedades. 

No campo são cultivados produtos que são consumidos nas regiões urbanas, já no sertão a principal atividade praticada é a pecuária extensiva. 

Veja como estão distribuídas as pequenas e grandes propriedades no Nordeste: 

1. Pequenas e Médias Propriedades 

Vale do Rio São Francisco – arroz e cebola;
CE – sul (sertão) – algodão;
Agreste Nordestino – algodão, agave. 

2. Grandes propriedades 

Sertão – pecuária;
Zona da Mata Nordestina – cana-de-açúcar;
MA e PI – extrativismo vegetal;
BA – litoral sul – cacau. 

Região Centro-Oeste 

É uma região que apresenta mais de 10.000 ha com estabelecimentos, sendo que o domínio é dos grandes estabelecimentos que possuem entre 1.000ha e 10.000ha, que têm como principal atividade a pecuária. 

Veja como estão distribuídas as pequenas e grandes propriedades no Centro-Oeste: 

1. Médias e pequenas propriedades 

MS – sul – região de Dourados – culturas diversificadas: café, milho e soja.
GO – Ceres – culturas diversificadas 

2. Grandes Propriedades 

MT e GO – parte norte – extrativismo vegetal;
MS e MT – pantanal – pecuária;
GO, MS e MT – áreas dispersas no interior – pecuária. 

Região Sul 

Nesta região, a área ocupada é dominada pelas pequenas e médias propriedades, porém houve um aumento das propriedades com a expansão da soja. 

Veja como estão distribuídas as pequenas e grandes propriedades no Sul: 

1. Grandes Propriedades: 

PR – Norte – soja e café
PR – Mata de Araucária – extrativismo – madeira
RS – Campanha Gaúcha – pecuária
RS e PR – áreas de cultura de trigo 

2. Médias e pequenas propriedades: 

RS, PR e SC – áreas de povoamento europeu – vinha, trigo, batata, arroz, milho, etc. 

Região Sudeste 

Destaca-se por ser a terceira região em área ocupada pelos estabelecimentos rurais.
Possui a maior concentração urbana e industrial, e de maior consumo.
As médias e pequenas propriedades são predominantes na Região Sudeste, e estão distribuídas da seguinte maneira:

1. Grandes propriedades:

MG – Norte – pecuária;
MG – Triângulo Mineiro – pecuária;
SP – Planalto Ocidental – café e cana-de-açúcar;
SP – Norte e NO – pecuária.

2. Médias e pequenas propriedades:

MG – sul e zona da Mata Mineira – culturas diversificadas e gado;
SP – Vale do Ribeira – chá e arroz;
SP – Vale do Paraíba – pecuária leiteira. 

O uso de terra

As grandes propriedades dedicam-se a pecuária, pastagens, ao extrativismo vegetal, e ao cultivo de produtos destinados à exportação como o café, a cana-de-açúcar e a soja, o cacau, o algodão e cereais.
As pequenas propriedades responsabilizam-se pelo desenvolvimento de atividades comerciais e de subsistência: arroz, feijão, milho, mandioca e produtos hortifrutigranjeiros. 

Armazenamento e Tratamento

Estes não são problemas agrícolas, mas são problemas que trazem conseqüências que interferem diretamente na produção agrícola.
Em algumas regiões, pela falta de transporte ou da capacidade de armazenamento inadequado, ocorre uma brusca redução na produção agrícola.