Efeitos do surto gomífero – Com o surto gomífero a produção foi ampliada assim como a área de trabalho. Foi abandonado o sistema predatório do aniquilamento das árvores, surgiu a concorrência entre os que viviam da nova empresa com os produtores tradicionais; impôs-se a necessidade da ocupação permanente da terra.

Os maiores centros de exploração e produção de borracha encontravam-se, no entanto, nos grandes afluentes do Amazonas, como o Xingu, o Tapajós, o Madeira, o Purus, o Acre e o Juruá, principalmente nos altos rios.

LOCALIZAÇÃO: O BARRACÃO, A MARGEM E O CENTRO.

As construções eram os barracões centrais e os menores. O barracão central servia, nos primeiros momentos, de residência do seringalista, depósito de mercadorias a vender aos seringueiros. Com o passar do tempo e a prosperidade econômica, ocorreu uma melhoria no padrão de vida, e o barracão passou a ser somente a casa do proprietário e do gerente.

O barracão equivalia à casa-grande do senhor de engenho nordestino. Em sua feitura, o material da construção era todo retirado da floresta. O acabamento era geralmente tosco.

O barracão central e os que lhe são subsidiários ou complementares, localizados face ao rio, na terminologia do seringal, constituem a margem, em contraposição às situações ou localizações do interior, onde se instalam e operam os seringueiros, a que se dá o nome de centro.

AS CASAS AVIADORAS 
Situadas em Belém e Manaus, essas casas aviadoras são os estabelecimentos comerciais que se constituíram para abastecer os seringais, deles recebendo, em troca, a borracha produzida e na posse dela realizar as operações de venda para o exterior.

Aviamento – Essa nova atividade econômica exigia recursos, mobilização de capitais que pudessem custear as despesas com transportes, custear a contratação de pessoal para as tarefas de exploração, custear o abastecimento dos seringais e o escoamento da produção. Nesse período, na Amazônia, não havia casas bancárias que pudessem subsidiar esse enorme empreendimento. Nesse sentido, devido à falta de investimentos estatais e privados, para custear o custo da produção, o abastecimento dos agentes envolvidos no trabalho e a comercialização do látex deram-se por meio de um sistema de aviamento (fornecimento de mercadorias a crédito) organizado numa cadeia vertical.

No ápice estavam as grandes casas aviadoras e exportadoras. Elas forneciam mantimentos a um aviador menor e decidiam acerca das mercadorias que deveriam ser passadas a este ou àquele negociante do vilarejo, ao “regatão”, ao seringalista e, finalmente, ao seringueiro. (Pontes Filho, 2000).

O ÍNDIO

Quando se iniciou a corrida em busca da borracha, a participação do índio não foi menor que a demonstrada noutros misteres. Ao lado do caboclo, fez-se, nos primeiros tempos, extrator do látex, vendendo-o aos regatões ou aos comerciantes dos pequenos núcleos do Madeira, do Solimões, do Baixo Amazonas. Os índios Jurunas, das vizinhanças de Belém, revelaram-se, nesse particular, ativos extratores.