Inclusão digital

Em que pese o aumento considerável do número de pessoas com acesso à Internet em todo o mundo, será que realmente vivenciamos um período de Inclusão Digital? Para alguns estudiosos, há diversos aspectos que reforçam que a ampliação do acesso aos dispositivos não significa necessariamente a inclusão desses indivíduos no universo da tecnologia.

Uma das questões centrais está no fato das novas tecnologias não estarem sendo distribuídas de forma equitativa. Do outro lado, a qualidade da tecnologia distribuída também acaba sendo desigual. É preciso destacar ainda que se alguns países querem mudar esse quadro e implantar políticas públicas de avanço, outras nações querem reduzir e limitar o acesso, com punição e verdadeiro cerceamento da liberdade no mundo virtual. Mais excluídos digitais serão observados nesse oceano.

Como se dá essa exclusão?

O acesso de uma ampla maioria às novas tecnologias e, especialmente, à Internet passa então a ser um traço de incorporação de cidadania. Nesse sentido, não havendo políticas públicas voltadas para a Inclusão Digital, teremos uma parcela de já marginalizados sendo ainda mais colocada à margem. Isso se dá principalmente na esfera educacional, quando se observa que as novas tecnologias quase não chegam e, quando aparecem, não contribuem para uma formação crítica e de disseminação do conhecimento. Os estudiosos desse tema já alertam que ter acesso a um dispositivo sem dominar as habilidades desse aparelho/equipamento acaba sendo uma exclusão brutal.

Alguns governos, entretanto, preferem alardear que estão ampliando o acesso de toda a população para o espaço da tecnologia, esquecendo-se de fazer o trabalho de alfabetização digital. O indivíduo com acesso a tantas tecnologias pode ser amplamente beneficiado em sua capacidade comunicativa, pode melhorar e muito a sua construção de argumentos e desenvolver uma crítica avançada, inclusive para resolver problemas do seu universo social. Mas, é sabido que esse tipo de instrução é vista com um certo medo pelos governantes, que muitas vezes querem manter seus eleitores na ignorância. Analisando a Inclusão Digital nessa perspectiva construtivista, conclui-se que ela precisaria de tais políticas especialmente no ambiente escolar. Mas será que as escolas estão preparadas para assumir esse papel? A escola quer se renovar e promover indivíduos “tecnologizados” e críticos?

Quando a escola aceita bem esse desafio, passa a incentivar os alunos a produzirem conteúdo, disseminando-os na rede. Incluir digitalmente nesse modelo envolve estimular, promover condições materiais e não-materiais para que o cidadão possa produzir visões de mundo: como eu vejo a minha realidade circundante? Em casos de sucesso, serão observadas verdadeiras intervenções por meio desses produtores de conteúdo. Intervenções que em alguns casos influenciarão na ampliação dos direitos de muitos.

Onde a exclusão está comprovada?

Como a realidade ainda não é ideal, também é preciso ficar atento aos aspectos que materializam a exclusão digital. Veja abaixo.

Tecnológico: quando o cidadão não tem qualquer acesso ao dispositivo ou mesmo quando seu dispositivo é ultrapassado e permeado por divisão de classes.

Infraestrutural: o cidadão tem o dispositivo, mas não tem condições de contratar um bom serviço ou mesmo uma banda larga.

Financeiro: quando por questões econômicas, não tem o serviço de modo algum.

Cognitivo: uma criança que nasce e cresce com a Internet e a exposição a aparelhos digitais tende a se moldar mais facilmente ao uso das novas tecnologias. Assim, explora melhor as potencialidades. E as gerações anteriores?

Instrumental: aquele caso em que pessoas que apresentam algum tipo de deficiência estão excluídos no universo real e virtual.

Linguístico: quando existe um conteúdo relevante que não pode ser acessado por barreiras idiomáticas.

Produtivo: o usuário não deve apenas consumir o que a tecnologia oferece, mas também produzir e interagir nesse espaço.

Institucional: quando são observadas as ineficiências governamentais, que não permitem que o serviço público se torne qualitativo e online.

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