6. El-Rei D. Dinis (1261-1325)

Foi o sexto rei de Portugal, era filho de D. Afonso III e de Beatriz de Castela. Ele além de ter dado inicio às cantigas de Amigo e Amor, ele desenvolveu também a poesia trovadoresca. Assinou seus documentos com o nome completo, lembrando que ele foi o primeiro rei a fazer isso, onde tudo indica que ele foi o primeiro rei português não analfabeto. 

Seu cancioneiro individual era composto por 138 cantigas, ou seja, o cancioneiro que mais possuia cantigas. Ele era o cancioneiro mais aprimorado de todos os cancioneiros de amor galego-português. 

Vejamos uma canção feita por D. Dinis: 

D. Diniz 

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio murmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente d’esse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
 

Cantiga de amor, de D. Dinis.

1. Quereu em maneira de proençal
2. fazer agora hun cantar damor,
3. e querrei muiti loar mia senhor
4. a que prez nen fremusura non fal,
5. nen bondade; e mais vos direi en:
6. tanto a fez Deus comprida de ben
7. que mais que todas las do mundo val.
8. Ca en mia senhor nunca Deus pôs mal,
9. mais pôs i prez e beldade loor
10. e falar mui ben, e riir melhor
11. que outra molher; des i é leal
12. muit, e por esto non sei ojeu quen
13. possa compridamente no seu ben
14. falar, ca non á, tra-lo seu ben, al. 

Paráfrase 

1. Eu quero, à maneira provençal,
2. escrever agora um cantar de amor
3. e quererei nela louvar muito a minha senhora
4. a quem não falta nem virtude nem formosura,
5. nem bondade; e mais direi sobre ela:
6. Deus a fez tão completa de perfeições,
7. que ela supera todas as outras (mulheres) do mundo.
8. Pois Deus não pôs nenhum defeito na minha senhora.
9. mas dotou-a de mérito beleza, de louvor,
10. e de prosa agradável e sorriso melhor
11. que qualquer outra mulher; é muito leal,
12. e por isso eu não conheço ninguém
13. que possa completamente das suas perfeições
14. falar, porque coisa alguma existe além delas. 

Essa é uma cantiga Maestria, pois não tem refrão e é afastada dos esquemas populares, apresentava um louvor absoluto à dama.