O que é Alquimia?

A palavra alquimia vem do árabe quer dizer (AL-Khemy – A química). Esta ciência começou a se desenvolve por volta do século III a.C. em Alexandria, o centro de convergência da época e de recriação das tradições gregas-pitagóricas, platônicas estóica, egípcias e orientais.

A alquimia deve sua existência à mistura de três correntes: a filosofia grega, o misticismo oriental e a tecnologia egípcia. Obteve grande êxito na metalurgia, na produção de papiros e na aparelhagem de laboratório, mas não conseguiu seu principal objetivo: Pedra Filosofal.

Alquimia: Ciência ou Seita?

Por causa de sua origem, a alquimia apresentou um caráter místico, pois absorveu as ciências ocultas da Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia, Egito e Síria. A arte hermética da alquimia já nasceu em lenda e mistério. Mais de dois mil anos antes do início da nossa era, os babilônios e os egípcios, procuravam obter ouro artificialmente, interessavam-se pela transformação dos metais em ouro. Nessa época, prática da alquimia era realizada sob o mais absoluto dos segredos, pois era considerada uma ciência oculta. Sob a influência das ciências advindas do Oriente Médio, os alquimistas passaram a atribuir propriedades sobrenaturais às plantas, letras, pedras, figuras geométricas e os números que eram usados como amuleto, como o 3, o 4 e o 7.

Os alquimistas usavam fórmulas e recitações mágicas destinadas a invocar deuses e demônios favoráveis as operações químicas. Por isso muitos eram acusados de pacto com demônio, presos, excomungados e queimados vivos pela Inquisição da Igreja Católica. Por uma questão de sobrevivência, os manuscritos alquímicos foram elaborados em formas de poemas alegóricos incompreensíveis aos não iniciados.

Além disso, os alquimistas preparavam o ácido nítrico, a água-régia (mistura de ácido nítrico e clorídrico), nitrato de prata, que produz ulcerações no tecido animal, e a potassa cáustica (hidróxido de potássio), que permitia a fabricação de sabões. O sucesso da alquimia na Europa se deve aos árabes que introduziram idéias místicas acompanhadas por avanços práticos no procedimento químico como a destilação e pela descoberta de novos metais e componentes.

Finalidades da Alquimia

A partir das oscuras etimologias, o que pode-se ter claramente, através de uma leitura intrincada, enigmática e carregada de símbolos dos escritos alquimistas, é que as finalidades que perseguis a alquimia resume-se em três fundamentos:

  1. Transformar os metais chamados inferiores (principalmente o mercúrio e o chumbo) em ouro ou em prata, metais superiores.
  2. Preparar uma panacéia que cure as enfermidades humanas, conserve e devolva a juventude e prolongue a vida – Medicina Universal ou Elixir da Longa Vida.
  3. Conseguir a transformação espiritual do alquimista de homem caído em criatura perfeita

Alquimia Chinesa

Para os alquimistas chineses, o principal objetivo era atingir a imortalidade. Para eles a não reatividade do ouro era inalterável e, por isso, imortal. Tentavam manufaturar o ouro e esperava-se que dessa forma, poderia ser preparada uma “pílula da imortalidade”. Acreditava-se também que ingerindo os alimentos em pratos feitos com esse ouro seria possível alcançar a tão sonhada longevidade.

Os alquimistas chineses criaram elixires à base de enxofre, arsênico, mercúrio e não obtiveram sucesso em sua busca. Joseph Needham fez uma lista de imperadores cuja morte se pode pensar ter sido causada pelo envenenamento causado pelo consumo desses elixires. Dessa forma, a alquimia chinesa foi perdendo força e acabando desaparecendo com a ascensão do Budismo.

Curiosidades da Alquimia

De todo esse período em que o homem tem buscado riqueza e longevidade, restaram muitas histórias interessantes, algumas das quais merecem ser ressaltadas:

  • Da influência alquímica, terminou se originando a palavra Laboratório: Labor=Trabalho Oratório = local de orações.
  • Em função das condenações proclamadas pela Igreja aos alquimistas, durante a Idade Média, o cheiro de enxofre passou a ser associado ao diabo.
  • Alquimistas faziam suas experiências com enxofre comum, sendo denunciados pelos fortes cheiros emanados de suas casas ou laboratórios, permitindo que fossem facilmente detectados e acusados de bruxaria e pacto com o demônio, pondo fim aos seus trabalhos.
  • É também digno de registro a criação de Drácula, o vampiro, acusado de obter longevidade às custas do sangue humano. Seu surgimento não passou de uma bem sucedida tentativa para desmoralizar uma ordem mística alquimista, surgida na Idade Média, que trabalhava na obtenção do elixir da longevidade.
  • Importante também, é enumerar as muitas descobertas feitas por alquimistas em seus laboratórios, nas suas tentativas para atingir a Pedra Filosofal: Água-régia, arsênico, nitrato de prata, acetato de chumbo, bicarbonato de potássios, ácidos sulfúrico, clorídricos, canfórico, benzóico e nítrico, sulfato de sódio e de amônia, fósforo, entre muitas outras coisas que possibilitaram a evolução da humanidade.

Nicolás Flamel

Talvez, entre os alquimistas mundiais e seguramente entre os franceses, Nicolás Flamel figura como o mais transcendente. Sua história é, simplesmente fabulosa e suas biografias ainda existem em Paris.

Não existe uma confirmação exata, mas parece que Nicolás Flamel nasceu em Poutoise, ao norte de Paris, em torno do ano de 1330. Seus Pais de origem modesta lhe deram os conhecimentos necessários para que se instalara em Paris como escrivão público. Estabeleceu seu escritório em um modesto espaço de madeira nos arredores da igreja St. Jacques la-Boucherie, onde hoje, dizem que está enterrado com sua esposa Perrenelle (atualmente só se conserva a torre da igreja).

Flamel, provavelmente teve em suas mãos escritos alquímicos para copiar, mas nunca havia despertado interesse pela alquimia, até que um dia, segundo deixou escrito, quando estava profundamente adormecido, lhe apareceu um anjo que sustentava na mão um livro antigo. Flamel – disse o anjo – olhe bem este livro. Você não será capaz de entendê-lo; nem você nem ninguém. Mas chegará um dia em que você será capaz de ver algo que ninguém verá.

Com este sonho e a influencia de alguns alquimistas que foi conhecendo ao passo do tempo, praticou e escreveu muitas obras a respeito de alquimia e principalmente relatos a respeitos de sua busca da Pedra Filosofal.

Morreu em 22 de março de 1418 e sua casa foi saqueada por caçadores de tesouros e gente ávida por encontrar a pedra filosofal ou receitas concretas para sua preparação. A lenda conta que em realidade o casal Flamel e Perrenelle não morreu, e que em sua tumba se encontraram suas roupas em lugar de seus corpos. Um autor renomado como Holmyard escreveu que “segundo se dizem, ambos foram vistos com vida e bem de saúde na Índia três séculos depois de serem dados por mortos”.

A alquimia é um mundo mágico e de muitos mistérios como a química e nós devemos desvendar os segredos dessa ciência que estuda as misturas e combinações, enxergando o mundo com outros olhos!