Verbos relacionais
Nas orações ditas nominais, o verbo assume outro papel: o de indicar que, entre o sujeito e o predicativo, existem relações constantes (ser), novas ou inconstantes (estar), ou ainda uma mudança de estado (ficar). Assim, por exemplo: o menino é forte; o menino está forte; o menino fica forte. Entre as grandes línguas européias, só o português se empenha em distinguir essas três relações com tais verbos, além de outros, eventualmente.

Os verbos relacionais ou de ligação revelam o aspecto que se dá à definição do sujeito: são esvaziados de sua idéia original e, por isso, não têm conteúdo ideativo, com o que deixam, por definição, de ser verbos. São verbos apenas pela sua morfologia. Ser, estar e ficar são verbos como quaisquer outros, desde que não estejam relacionando o sujeito com o predicativo, como em "No princípio era o caos", "Meu irmão está em Paris", "Não pude ficar em casa". Nestes casos, poderiam ser trocados por existia, mora e permanecer. Na oração "Hoje não ando bem" o verbo é ideativo se ando for sinônimo de marcho, caminho. Contudo, se ando bem for equivalente a estou bem, tem-se um verbo relacional, que não exprime fato nenhum e se limita a indicar o aspecto da definição. Em tais casos, somente o contexto pode decidir sobre a interpretação conveniente.

Verbos auxiliares
As conjugações compostas valem-se dos chamados verbos auxiliares, que exprimem pessoa, número, tempo e modo. Juntam-se a infinitivos, gerúndios e particípios ideativos e sua morfologia é a dos verbos, categoria a que, por definição, não pertenceriam.
A língua portuguesa é riquíssima em verbos auxiliares, com os quais são expressos aspectos e a voz passiva. Os principais são: (1) ter, haver, para a conjugação anterior (ter feito, haver feito); (2) ter de, haver de, ir, dever, querer, poder, para a conjugação posterior (ter de fazer, haver de fazer, ir fazer, dever fazer, querer fazer, poder fazer); (3) estar, ir, vir, andar, para a conjugação contínua (estar fazendo, ir fazendo, vir fazendo, andar fazendo); (4) ser, para a conjugação passiva (ser feito). 

Verbos pronominais
O acompanhamento obrigatório de pronomes átonos reflexivos caracteriza os verbos pronominais, como queixar-se e arrepender-se. Alguns são pronominais apenas em determinada acepção, como chamar, chamar-se.
Alguns verbos, embora apresentem a forma passiva, não exprimem passividade alguma. São os chamados verbos depoentes, entre os quais estão certos verbos de movimento, como chegar, correr, descer, entrar, fugir, ir, partir, passar, sair, subir, vir. O mesmo ocorre com nascer e morrer (entrar na vida e dela sair). Exemplos: "Era chegada a hora de jantar", ou seja, tinha chegado; "Meu pai é morto há longos anos", isto é, morreu.