3. Carta de Amigo

As cartas de amigo abordam sempre um conteúdo informativo, são informais e geralmente de caráter confessional.

Exemplo:

Rio de Janeiro, 19 de julho de 1908.

Meu caro Veríssimo:

Acabo de receber a sua carta com o seu abraço pelo livro, e venho agradecer-lhe cordialmente. Sabendo que foi sempre sincero comigo, senti-me pago do esforço empregado; muito obrigado meu amigo. O livro é derradeiro, já não estou em idade de folias literárias nem outras. O meu receio é que fizesse a alguém perguntar por que não parara no interior, mas se tal não é a impressão que ele deixa, melhor. Creio que o compreendi bem, segundo o que me diz em um ponto da carta.
Eu vou melhorando, ainda que muito fraco. Saí hoje de manhã e sairei outra vez se não chover. O Mario (de Alencar) tinha-me falado da sua vinda, mas efetivamente era arriscado com tal tempo. Amanhã conto ir à cidade, se o tempo consentir. Adeus, meu bom amigo, recomenda-me a todos os seus, e receba em troca um abraço apertado do velho amigo.

(Machado de Assis)

Foi possível notar no exemplo o tom amigável e fraterno no qual o autor se dirige ao amigo, usando uma linguagem harmoniosa e particular. Modernamente, cartas como estas seriam consideradas “antigas”, não apenas pela abordagem amável, mas também pela afetividade que atualmente é muito incomum.