A era da máquina 

Eia! eia! eia!
Eia electricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Eia! eia! eia!
Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!
Eia! eia! eia! eia-hô-ô-ô!
Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho-me.
Engatam-me em todos os comboios.
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! eia-hô! eia!
Eia! Sou o calor mecânico e a eletricidade! 

(Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa-fragmento de “ode triunfal”).
O automóvel, a máquina, a eletricidade, o avião, as megalópoles, as massas proletárias, a aceleração progressiva e a velocidade crescente, junto com as transformações e conquistas se “diminuíram” sobre os homens, pois eles tinham que estabelecer alterações profundas, de maneira com que ele perceba e se relacione com esse novo universo, expressando-o artisticamente.