A Carta de Caminha 

TÉRMINO – A Carta-Relatório, considerada Certidão de Batismo do Brasil, termina assim: 

“De ponta a ponta é toda praia redonda, muita chã e muito fremosa. Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muitos bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá”.

“As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é grandiosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que vossa alteza nela deve lançar”.

UFANISMO – A Carta de Caminha marca o início de uma longa tradição, o ufanismo ou nativismo, que consistia na exaltação (por vezes exagerada) das virtudes da terra e da gente. Este aspecto irá desdobrar-se em todos os outros períodos da literatura colonial.

SIMPATIA PELO ÍNDIO – Com relação ao índio, a atitude de Caminha, embora aparentemente simpática, revelava o etnocentrismo europeu:

“Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. Eles porém contudo andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me parece ainda mais que são como as aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que as mansas, porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão fremosos que não pode mais ser”.

NUDEZ DAS ÍNDIAS – Caminha alude também, maliciosamente, à nudez das índias:

“Ali andavam entre eles três ou quatro moças bem novinhas e gentis, com cabelos mui pretos e compridos pelas costas e suas vergonhas tão altas, saradinhas e tão limpas das cabeleiras que de as nós muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha”.

MODERNISMO – No Modernismo, Oswald de Andrade escreveu um livro de poemas intitulado Pau-Brasil (1924), cujos primeiros poemas têm o título geral de História do Brasil, em que o poeta recria textos do século XVI, dando-lhes forma poética.

A transformação da Carta de Caminha em poesia, feita por Oswald de Andrade, ficou assim: