2As práticas de ensino da história do povo africano nos países do ocidente nunca foram devidamente priorizadas. No Brasil, o assunto precisou ser transformado em obrigatoriedade, por meio de legislações específicas. Isso aconteceu porque efetivamente o mundo “branco” não quis dar atenção aos estudos da cultura e civilização africana. Esse assunto passou a ser mais explorado nos últimos anos, com uma valorização que pode ser observada no livro didático de história ou mesmo em outros espaços de divulgação do conhecimento.

Hoje vamos tratar de um desses assuntos que norteiam o universo da África: trata-se do Reino do Congo. Um espaço, que da mesma forma que o reino de Mali e Benin, está situado como um dos mais importantes e de poder simbólico para o povo africano. O desenvolvimento do Reino do Congo passou a acontecer na costa oeste da África em uma região de curso do rio Zaire. Da mesma forma que acontecia em outras culturas do território africano, o Reino do Congo é bem lastreado culturalmente por conta da sua etnia banto. Essa linhagem está associada à narrativa mítica que recai sobre as histórias da cidade de Ifé.

Tráfico de escravos e relações comerciais

1Do ponto de vista estatal, o Reino do Congo vivia um regime político centralizador. A produção econômica tinha grande controle de quem estava representando a área da costa oeste africana por todo o período do século XV. Dessa forma, houve uma coincidência com o momento em que houve um espaço consolidado do Império Ultramarino Português. Nesse sentido, os congoleses e outras nações, assim como os portugueses, estavam travando vários contatos comerciais com a África no período moderno. O que realmente entristece é que umas das mercadorias principais dessas negociações eram os escravos. O tráfico de pessoas era algo comum a essa realidade de nações prósperas e em desenvolvimento.

Outras mercadorias que fizeram com que o Reino do Congo tivesse destaque: sal, metal, vários tipos de tecidos. Nas rotas comerciais desse importante berço da cultura africana, todos esses elementos eram considerados especiarias. Também é importante destacar que a região do Congo passou por uma verdadeira reviravolta do ponto de vista religioso. Ao invés das religiões de matriz africana, um dos reis que governou o Congo acabou se convertendo ao cristianismo.

Foi o famoso reinado de Manicongo, que declarou a conversão à religião cristã na década de 1480. É claro que as raízes do povo africano não foram abaladas por tal decisão, mas inegavelmente houve incorporações de elementos da religião católica ao arcabouço cultural dos congoleses.