Filósofo e teólogo dinamarquês nascido em Copenhagen, criador do existencialismo, corrente de pensamento na qual se distinguem Martin Heidegger, Karl Jaspers (1891) e Jean-Paul Sartre, e para a qual o objeto próprio da reflexão filosófica é o homem na sua existência concreta, sempre definida nos termos de uma situação determinada, mas não necessária – o ser-em-situação, o ser-no-mundo -, a partir da qual o homem, condenado à liberdade, por já não ser portador de uma essência abstrata e universal, surge como o arquiteto da sua vida, o construtor do seu próprio destino, submetido, embora a limitações concretas, às filosofias existenciais.

De uma família com dúvidas religiosas, estudou teologia na Universidade de Copenhague (1830-1840), e licenciou-se com a tese Om begrebet ironi (1841), porém não quis ordenar-se ministro da Igreja Luterana. Com a morte do pai (1838), herdou grande fortuna, que lhe permitiu dedicar-se apenas aos estudos. Em Berlim estudou com Friedrich Schelling (1841-1842), que o fortaleceram em sua resistência contra a filosofia de Hegel, dominante na Dinamarca da época.

Desde então viveu confortavelmente e editando seus numerosos livros por conta própria e assinando com vários pseudônimos: Enten-eller, et livs-fragment (1843, assinado por Victor Eremita), Frygt og baeven (1843, por Johannes de Silentio), Philosophiske smuler (1844, por Johannes Climacus), Begrebet angest (1844, por Virgilius Hafniensis), Stadier paa livets vej (1845, por Hilarius Bogbinder) e Afsluttende uvidenskabelig efterskrift (1846, por Johannes Climacus).

Observando que os pastores luteranos pregavam o sacrifício, mas levavam uma vida burguesa, deu início aos seus ataques contra a igreja oficial na Dinamarca, com a seqüência Sygdommen til döden (1849) e i Indövelse i Christendom (1850). Rejeitou a educação cristã como mero decorar de fórmulas dogmáticas, insistindo que a imitação de Cristo impunha sofrimento, rejeitou também o batismo das crianças e a participação no culto dominical.

Morreu em sua cidade natal, deixando ensinamentos que tiveram grande repercussão nos países escandinavos, especialmente na Dinamarca e na Noruega, até o final do século XIX. No século XX, sua atitude antimoderna e seu protesto contra a civilização atual, tornou-se tema de alguns filósofos inconformistas.