POESIA REALISTA E PARNASIANISMO.
Poesia realista.
CROMO XXXVI.

Domingo. A casa de palha
Abre as janelas ao sol
Na horta o dono trabalha
Desde veio o arrebol;

E a companheira, de grampo
No cabelo em caracol,
Na erva enxuta do campo
Estende um claro lençol…

No ribeiro cristalino
Bebem as aves; o sino
Chama os cristãos à matriz;
Entra a mulher… mas da porta
Fala meiga, para a Horta:
– Vamos à missa, Luís?

(Bernardinho Lopes).

Poesia Parnasiana.

O MURO.

É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensangüentado;
E num pouco de musgo em cada fenda

Serve há muito de encerro a uma vivenda;
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo essa missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.

Horas mortas, a lua o véu desata,
E em cheio brilha; a solidão de estrela
Toda de um vago cintilar de prata.

E o velho muro, alta a parede nua,
Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua.

(Alberto de Oliveira).