CULTISMO – A poesia sacra de Gregório de Matos às vezes é simples pretexto para exercício do cultismo. Veja o jogo de palavras no poema a seguir.

O todo sem parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo

Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.

OBRAS DE GREGÓRIO DE MATOS

MANUSCRITOS – Enquanto viveu, seus poemas circulavam de mão em mão, de forma manuscrita, ou de boca em boca, no aspecto oral.

OBRAS PUBLICADAS – As obras de Gregório de Matos somente foram publicadas no século XX, entre 1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras, em seis volumes:

I. Sacra
Contém todos os poemas religiosos.

II. Lírica
Contém todos os poemas lírico-amorosos.

III. Graciosa
Contém poemas que exploram o humor.

IV e V. Satírica
Contém todos os poemas que exploram a sátira.

VI. Última
Contém poemas misturados.

PADRE ANTÔNIO VIEIRA 
Nasceu em Lisboa, em 6 de fevereiro de 1608.

Morreu em Salvador, em 18 de julho de 1697.

Aos seis anos, veio para o Brasil; aos quinze, ingressou na Companhia de Jesus. Ordenou-se em 1634 e logo ganhou fama de pregador eloqüente e culto.

Em 1652, transferiu-se para o Maranhão, dedicando-se à catequese e à conversão dos gentios. Nove anos depois, regressando a Lisboa, é preso. Cassam-lhe o direito de pregar. 

Quando Portugal libertou-se da Espanha (1640), Vieira foi para a Metrópole e, por meio do seu talento, impressionou o monarca D. João IV, tornando-se pregador oficial da corte.

Quando foi libertado, seguiu para Roma, onde conseguiu anulação do processo e tornou-se orador oficial do salão literário da Rainha Cristina da Suécia.
Em 1681, retornou ao Brasil, dedicando-se à faina de redigir e polir seus sermões. 

Dentre os inúmeros sermões de Vieira, é de leitura obrigatória:

Sermão da Sexagésima – Proferido na Capela Real de Lisboa, em 1655.

Sermão da Primeira Dominga da Quaresma– Pregado no Maranhão, em 1653, em que tenta persuadir os colonos a libertarem os indígenas.