A novidade é a dimensão do processo: estima-se que, no Brasil, as perdas de solo por erosão atinjam a proporção de 25 toneladas/ano por hectare, quando as taxas mundialmente consideradas "normais" variam de 3 a 12 toneladas. Devido ao manejo inadequado, o Brasil perde, anualmente, cerca de 200 milhões de toneladas de terras férteis. Com as chuvas, esse material erodido é carreado para os cursos dágua, assoreando rios e lagos. Nos cerrados, a retirada das matas ciliares torna o processo ainda mais dramático.

O uso intensivo dos mais diferentes agrotóxicos – o Brasil é o terceiro maior consumidor desse produto, atrás apenas dos Estados Unidos e da França – também é um problema ambiental de grandes proporções causado pelas práticas agrícolas modernas. Seus resíduos contaminam rios, lagos e lençóis freáticos e figuram entre as principais fontes de poluição dos recursos hídricos no Brasil. Além disso, afetam diretamente a saúde dos trabalhadores rurais, em contato direto com volumes crescentes de veneno.

Por seu turno, a introdução de cultivares de alto rendimento, mas dependentes de insumos químicos, aponta no sentido de uma homogeneização cada vez maior das áreas de cultivo e do meio natural. Enquanto isso, os cultivares tradicionais, mais adaptados aos diferentes ecossistemas e mais resistentes, vão sendo eliminados no campo brasileiro. Os ambientalistas chamam este processo de erosão genética.

Os transgênicos 

      A questão genética está no centro dos debates sobre introdução de alimentos transgênicos no Brasil.
Os defensores dos alimentos transgênicos argumentam que o Brasil não pode se dar ao luxo de dispensar o uso de uma tecnologia de ponta, capaz de alavancar a produtividade e tornar mais competitiva a agricultura do País nos mercados mundiais, além de aumentar a quantidade e a qualidade do abastecimento interno. Alguns deles apostam na capacidade tecnológica das empresas nacionais de pesquisas agropecuárias na produção de sementes transgênicas brasileiras, que poderiam até mesmo ser comercializadas em outros países tropicais.

Em contraposição, grande parte do movimento ambientalista brasileiro sustenta que os transgênicos vão acelerar ainda mais o processo de erosão genética e que o Brasil se transformará em refém de grandes companhias transnacionais, como a norte-americana Monsanto, a alemã AgrEvo e a suíça Novartis, que controlam as tecnologias e patentes tanto da produção de sementes geneticamente modificadas quanto dos insumos necessários para fazê-las produzir.