1Exército dos Zapatistas. Você já ouviu falar desse grupo? Não? Pois saiba que ele foi criado durante a Revolução Mexicana de 1910, especialmente por conta do fato dos camponeses estarem reivindicando o respeito às suas tradições e culturas indígenas. Era uma forma de eles enxergarem o respeito ao seu jeito de ser e se sentir mexicano. A Revolução Mexicana pretendia mostrar que a distribuição de terras era uma necessidade para a melhoria de vida de toda a população.

Nesse período revolucionário, um dos líderes de grande importância foi o Emiliano Zapata (1873-1919). De descendência espanhola e indígena, Emiliano foi um grande líder popular que encantou os camponeses e tornou-se figura de forte expressão política no México. A Reforma Agrária e a revalorização da cultura dos índios eram suas principais linhas de protesto. Todo o estrago a essas tradições foi orquestrado por Porfírio Díaz (1876 a 1880 e de 1884 a 1911) e Victoriano Huerta (1913 a 1914) durante a ditadura militar mexicana.

Para o ideal camponês, explorar os recurso vegetais e minerais era uma função do povo local e não dos estrangeiros que apenas se preocupavam em devastar as riquezas do México.

Morte de Zapata e crise do movimento

Um dos importantes marcos de Emiliano Zapata foi a criação do Plano de Ayala, uma espécie de manifesto pela reforma agrária no México que, em outros momentos, chegou a ser adotado por outras representações e movimentos sociais da América Latina. O plano de Ayala é um importante esboço do quão importante é a luta pela terra.

Infelizmente, em 1919, o líder zapatista acabou sendo assassinado por um dos oficiais do Exército Mexicano. Com o seu assassinato, o movimento no campo acabou atravessando uma forte crise que colocou a elite latifundiária do México em evidência para que o liberalismo econômico ganhasse força naqueles espaços.

A figura carismática do líder zapatista chegou a influenciar, em 1994, na criação de um novo movimento. As mobilizações começaram no estado de Chiapas, uma região bem empobrecida do México, e deram origem ao Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). O movimento ficou conhecido como neozapatismo e passou a se fortalecer com o apoio das Forças de Libertação Nacional (FLN).

O surgimento de um novo comandante

2A estrutura do Exército Zapatista de Libertação Nacional era comandada por um comitê clandestino de cunho revolucionário indígena. O principal líder foi o subcomandante Marcos. Os objetivos do neozapatismo estão centrados na negação à Nafta (acordo econômico entre México, Estados Unidos e Canadá). Eles acreditam que a submissão a esse grupo pode representar a perpetuação do jugo ao capital externo. Também exigem uma plena reforma agrária e o respeito aos direitos dos indígenas de Chiapas, que são de linhagens descendentes dos Maias.

Em 1997, o Exército Zapatista realizou uma marcha em direção à capital do México, como forma de demonstrar ao mundo as graves mazelas sociais do povo mexicano. Houve muita violência nos principais conflitos e quase 45 zapatistas indígenas foram mortos no embate. Hoje, o Exército Zapatista continua se organizando para mostrar ao mundo a grande miséria a que estão submetidos os camponeses do México.