Catacrese é um tipo especial de metáfora. A catacrese não é mais a expressão subjetiva de um indivíduo, mas já foi incorporada por todos os falantes da língua, passando a ser uma metáfora corriqueira e, portanto, pouco original.
Observe:

“Um beijo seria uma borboleta afogada em mármore." (Cecília Meireles)

A primeira frase causa-nos estranheza, espanto. A associação que se faz entre um beijo e uma borboleta afoga da em mármore é original e está diretamente relacionada sensibilidade do sujeito que criou tal frase. Todos deve concordar que poucas pessoas fariam tal associação. Trata se de uma metáfora original. 

Já na segunda frase, relacionamos diretamente a e pressão "pé a página" à parte inferior da página. Mas , pensarmos bem, uma página não tem pé. Houve uma associação entre o pé (parte inferior do corpo humano) e parte inferior da página, daí a expressão “pé da página”. Esta metáfora já foi incorporada pela língua, perdeu s caráter inovador, original e transformou-se numa metáfora comum, morta, que não mais causa estranheza. Em outras palavras, transformou-se numa catacrese. O mesmo processo ocorreu nas seguintes expressões:

Pé de mesa Cabeça de alfinete Tronco telefônico
Pé de cadeira braço de cadeira árvore genealógica
Pé de cama braço de mar maçã do rosto
Pé de montanha cabelo de milho folha de papel
Pé de laranja barriga da perna dente de alho

Uma curiosidade:
A palavra "azulejo" originalmente servia para designar ladrilhos de cor azul. Hoje, essa palavra perdeu a sua idéia de azul e passou a designar ladrilhos de qualquer cor. Tanto que dizemos azulejos brancos, amarelos, azuis, verdes, etc.
Essa é uma outra característica da catacrese: as palavras perdem o seu sentido original e

Procure prestar atenção ao grande número de catacreses que utilizamos no dia-a-dia.