Compositor, arranjador e instrumentista nascido em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, cuja obra contribuiu para acabar com as barreiras entre a música erudita e a composição popular. Filho de uma pianista gaúcha, Adélia Fossati, e de um imigrante italiano radicado em Porto Alegre, Alessandro Gnattali, igualmente pianista e professor, começou a estudar piano com a mãe, aos seis anos, e aos 9 anos ganhou um prêmio por sua atuação como regente de uma orquestra infantil.

Posteriormente dedicou-se ao violino, cavaquinho e violão e aos 14 entrou para o Conservatório de Porto Alegre para estudar piano, e acabou dominando também a viola. Formado com medalha de ouro na classe de piano do Instituto de Belas-Artes de Porto Alegre, foi ao Rio de Janeiro se apresentar no Teatro Municipal (1924), executando um concerto de 
Tchaikovski sob regência de Francisco Braga. 

Conheceu o compositor Ernesto Nazareth e voltou para Porto Alegre, onde criou um quarteto de cordas e com ele viajou por todo o estado, fortalecendo sua base para a orquestração. Depois radicou-se definitivamente no Rio de Janeiro, onde estudou harmonia na Escola Nacional de Música e estreou como compositor (1930), com a apresentação de Rapsódia Brasileira, interpretada pela pianista Dora Bevilacqua.

Passou a ser o orquestrador da gravadora Victor (1934) e dois anos depois participou da inauguração da Rádio Nacional, onde trabalhou durante trinta anos. Durante muitos anos foi pianista de cinemas e teatros e depois dividiu-se entre a composição de peças eruditas e as orquestrações de música popular, violando seguidamente a fronteira entre as duas tendências. Criou a Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali (1943), que tocava os arranjos do maestro no programa Um Milhão de Melodias, dando um colorido brasileiro aos sucessos estrangeiros.

Entre seus muitos arranjos há de se destacar o de Copacabana, gravado por Dick Farney, que muitos consideram precursor da bossa nova. Compôs choros, sambas, sambas-canções e valsas. Foi violinista da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos e do Quarteto de Cordas Henrique Oswald.

Ainda trabalhou durante 11 anos como arranjador, compositor e regente para a TV Globo e foi peça fundamental no movimento de redescoberta do choro ocorrido na década de 70. Recebeu o prêmio Shell (1983) na categoria música erudita e morreu no Rio de Janeiro. Como compositor erudito, sua obra mais conhecida foi Rapsódia brasileira, mas destacam-se também Poema, Brasilianas e Três miniaturas.