Sacerdote, escritor, orador, filósofo, teólogo e pedagogo francês nascido no Château de Fénelon, em Périgord, hoje Dordogne, precursor dos grandes pensadores franceses do século XVIII. De descendência nobre, mas de pequeno patrimônio, estudou teologia no seminário de Saint-Sulpice, em Paris, onde foi ordenado (1676). 

Assumiu a direção das Nouvelles Catholiques, instituição em que eram educadas as jovens protestantes convertidas ao catolicismo, realizou aí sua primeira experiência pedagógica importante, que relatou no Traité de l’éducation des filles (1687). Polemista por natureza, nessa obra criticou métodos pedagógicos da época e ressaltou a conveniência de preparar a mulher para o papel de futura esposa e mãe.

Foi nomeado (1689) preceptor de Dauphin, o duque de Borgonha, neto de Luís XIV, para quem escreveu várias obras educativas. Nos tempos de preceptor aderiu à prática do quietismo, doutrina pregada por Molinos, que propugnava a espiritualidade e a passividade total ante a busca do divino, o que o levou a um confronto com o poderoso bispo Jacques-Bénigne Bossuet. Nomeado arcebispo da diocese de Cambrai (1695) publicou Explication des maximes des saints sur la vie intérieure (1697), livro em que defendia as teses de Mme. Guyon, estrela do movimento quietista, e que foi condenado pelo papa Clemente XI.

Adversário político do absolutismo, escreveu Les Aventures de Télémaque (1699), seu livro mais conhecido, uma crítica implícita a esse tipo de regime. Publicou ainda, entre outras obras, o teológico Traité de l’existence et des atributs de Dieu (1712). Conhecido por suas atitudes contestatórias que por vezes chocar-se com as autoridades eclesiásticas e com os donos do poder político na França do século XVII, nos últimos anos de vida, dedicou-se à análise literária e à exposição de suas idéias sobre a literatura e morreu em Cambrai.