Barroco – A arte do conflito.

O Barroco foi marcado por impulsos que muitas vezes eram contraditórios, por isso muito do que é mostrado é por antíteses (justaposição de contrários) e paradoxos (relação entre duas idéias opostas), tanto na escrita como na pintura, na escultura, na música.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia? 

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza. 

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. 

(Gregório de Matos).

A fugacidade do tempo, da incerteza da vida é tida através de imagens e idéias que ficam interpoladas entre si, ou seja, em um sistema de oposições. 

Nasce X não dura. 

Luz X noite escura.

E isso já aconteceu variadas vezes em muitos outros poemas como de Camões, o fato de haver a inconstância das coisas, do mundo; a reconciliação dos contrários, por exemplo: 

“Amor é fogo que arde, sem se ver;
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina, sem doer.”