Aspectos da População 

CRESCIMENTO POPULACIONAL REDUZIDO – Em todos os países do mundo, ocorreu, durante as últimas décadas, uma redução no ritmo de crescimento populacional, envolvendo taxa de mortalidade, de fecundidade e aumento da vida média dos indivíduos. Essas tendências mundiais podem ser igualmente verificadas no Brasil.

Nas décadas de 1960 e 1970, as taxas de crescimento da população brasileira estavam em torno de 3,2% ao ano; no período de 1991 a 1996, em torno de 1,38%.

PROCESSO DE URBANIZAÇÃO – O principal fator responsável pela redução das taxas de natalidade e de mortalidade foi o intenso processo de urbanização ocorrido nos últimos cinqüenta anos, acompanhado pela melhoria das condições de vida. Nas cidades, apesar das enormes carências sociais (falta de hospitais e de infra-estrutura básica para a coleta de lixo e precariedade no sistema de esgoto), há um atendimento médico-sanitário melhor do que o da zona rural.

FATORES DE QUEDA – A queda das taxas de fecundidade e de natalidade pode também ser explicada pelos fatores seguintes:

a) Mudança de vida das populações que vieram do campo para a cidade.

b) Crescente participação da mulher na composição da população economicamente ativa.

c) Difusão de métodos anticoncepcionais.

d) Esterilização de mulheres férteis.

Em 1995, 66% das mulheres entre 30 e 39 anos e 63% das que tinham entre 40 e 49 anos exerciam atividades remuneradas.

O trabalho externo feminino ajuda a complementar a renda familiar. Mas as mulheres também buscam uma remuneração por dois fatores básicos:

a) Anseiam por melhores condições de vida.

b) São estimuladas, pelos meios de comunicação e pelo modo urbano de vida, a consumir mais .

NÚMERO DE FILHOS – As mulheres possuem uma escolaridade mais elevada que a dos homens, criam uma nova identidade e alteram as relações familiares (há um grande número de mulheres chefes de família). Todas essas mudanças refletem-se num menor número de filhos. Em 1960, a taxa de fecundidade era de 6,2 filhos por mulher; em 1996, caiu para 2,32.

ESTERILIZAÇÃO – A queda da taxa de fecundidade também pode ser explicada pela difusão dos métodos anticoncepcionais (pílula e camisinha), mas, principalmente, pela esterilização. O índice de mulheres em idade fértil (de 15 a 49 anos) esterilizadas é de 40,1%.

A taxa de mortalidade bruta é pouco significativa para a análise demográfica. Assim, o importante é estudar a evolução das taxas por sexo e idade. A taxa de mortalidade infantil é um dado que se relaciona diretamente com aspectos de saneamento básico, assistência médica, alimentação e renda familiar. No Brasil, essa taxa ainda é muito alta: 57 mortes por mil (contra 7 por mil na Europa). A taxa de mortalidade entre os jovens do sexo masculino é igualmente muito elevada, tendo por primeira causa o assassinato. Esse índice denuncia a violência que impera nas grandes cidades brasileiras, principalmente as da Região Sudeste.

EXPECTATIVA DE VIDA – A expectativa de vida do brasileiro, hoje, já ultrapassou os 70 anos de idade (IBGE, dezembro de 2003), o que corresponde à média mundial. Contudo, se analisarmos essa taxa por região, verificaremos que no Nordeste a expectativa de vida é de 64 anos.

Movimentos migratórios

FLUXO IMIGRATÓRIO – A taxa de crescimento populacional é composta pelo crescimento vegetativo e pela entrada de imigrantes. O Brasil, desde o início de sua colonização, recebeu grandes contingentes populacionais. No Período Colonial, esse contingente foi quase exclusivamente de portugueses e de negros. A partir da última década do século XIX, vieram europeus de várias nacionalidades (principalmente italianos, alemães e espanhóis) para substituir a mão-de-obra escrava nas fazendas de café. Calcula-se que, desde aquela época até hoje, entraram no Brasil cerca de 4,5 milhões de imigrantes.

FLUXO EMIGRATÓRIO – Nos últimos vinte anos, todavia, em decorrência das prolongadas crises socioeconômicas e da redução das oportunidades no mercado de trabalho, houve um importante fluxo emigratório. Trata-se de uma emigração de natureza econômica: os brasileiros buscam melhores condições de emprego nos países ricos. Hoje, mais de 2 milhões de brasileiros moram no exterior. Desse total, mais de 200 mil estão no Japão, os chamados decasséguis (filhos e netos de japoneses que vão trabalhar no Japão); mais de 600 mil residem na costa leste dos Estados Unidos; cerca de 165 mil estão vivendo no Paraguai (alguns são fazendeiros que dominam a produção de grãos e a pecuária daquele país).

MIGRAÇÕES INTERNAS – As migrações internas têm igualmente causas econômicas. As populações das regiões mais pobres deslocam-se para as que apresentam maior desenvolvi-mento e oportunidade de trabalho. Assim, fala-se em áreas de atração e áreas de expulsão.

Historicamente, o Nordeste é uma área de expulsão; o Sudeste, em particular as áreas metropolitanas de são paulo e do Rio de Janeiro, de atração. Essa migração regional também ocorre do campo para a cidade. Os camponeses vêm sendo expulsos de sua terra em decorrência da estrutura fundiária do País, da violência no campo, da mecanização da agricultura e de fenômenos meteorológicos, como os longos períodos de seca.

Nas décadas de 1960 e 1970, houve mudanças na direção dos fluxos migratórios para as regiões norte e Centro-Oeste, incentivados pela política oficial de colonização. Para essas regiões, dirigiram-se não apenas os nordestinos, mas também os sulistas (em decorrência da estrutura fundiária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), grandes contingentes populacionais sem acesso à terra.